sábado, 26 de novembro de 2011

Perlutan, informações básicas

Perlutan é o nome comercial, tem os genéricos. A composição é a mesma, só muda o preço. Nele vem progesterona e estradiol: algestona 150 mg, e enantato de estradiol, 10 mg.

A perlutan, começa a ser liberada aos poucos, e logo nos primeiros dias. Nos primeiros dias ela vai liberar uma quantidade bem grande de estradiol. Basicamente é liberado por uns 7, 8 dias... depois disso é mais liberada a progesterona, que dura uns 20 dias, e uma quantidade bem baixa de estradiol.
Por isso, que tomar só perlutan não vai te garantir uma dosagem continua de estradiol durante todo o mês. Os níveis vão oscilar muito: primeiro ela libera uma grande quantidade de estradiol, e depois passa a liberar muito pouco. Assim, vc precisa complementá-lo entre as injeções com outro tipo de estradiol em comprimidos ( ver as associações que podem ser feitas, no tópico em específico; pra resumir, pode tomar elamax, climene ou estrofem).

"Ué, mas se ela só libera por 8 dias q quantidade de estradiol que eu preciso, então, é só aumentar a frrequência das injeções, não é? Injetar um por semana..." ( muito comum essa pergunta)
Não! Perlutan só pode ser aplicado, no máximo de 15 em 15 dias. Mais do que isso pode levar a complicações como aumento da prolactina e mesmo alterações na hipófise. Por isso, nada de tomar 1 perlutan por semana.

A Algestona ( progestágeno do perlutan), tem uma ação antiandrogênica, ajuda a diminuir portanto a produção de testosterona. Para algumas meninas mais jovens, essa ação pode ser o suficiente pra manter a testo baixa, dispensando os antiandrógenos. Para outras não. Isto, só os exames vão dizer.

"E qual o período que deve fazer exames?"

Sempre um dia antes da próxima aplicação. Se aplicar e logo em seguida for fazer exame, óbvio que vai dar um nível bem alto de estradiol, pois ele libera mais hormônios nos primeiros dias da aplicação. Mas como falei, isso dura pouco tempo.  Você não vai ter aqueles níveis até a próxima injeção, entende? Logo é melhor fazer o exame, antes de aplicar a próxima injeção, assim, não há o risco de se superestimar um valor de estradiol sérico que não reflete o que ocorre durante o mês todo, e sim durante alguns dias.
Os efeitos colaterais, como retenção hídrica ( devido ao progestágeno), às vezes enjôo, são comuns durante as primeiras aplicações. Para ver mais sobre reações adversas, consulte a bula do perlutan.

Auto aplicação de Perlutan

A Perlutan é uma das medicações mais usadas por transexuais, e como muitas farmácias só aplicam com receita, há um grande número delas que, por não terem o acompanhamento médico, acabam tendo de recorrer a auto-aplicação.
Aplicar em si própria dá um nervoso nas primeiras vezes, por isso é importante ter segurança do que está fazendo, saber fazer corretamente, de modo a evitar que dê alguma coisa errado. Mas em geral, não é um bicho de sete cabeças.

Se for fazer, recomendo que leia bastante sobre injeções intramusculares na região glútea, veja certinho o local certo de aplicação e tome todas as precauções. Mas é recomendável que vc procure alguém com experiência em aplicar injeções, para evitar maiores transtornos.
Segue uma explicação resumida de como fazer.
-Faça antes de tudo uma antissepsia com álcool.
-Em seguida, abrir a ampola ( faça isso com um pano ou algo assim, pra evitar de se ferir quando for abrir a ampola),
-Aspirar seu conteúdo com a seringa, depois retirar todo o ar ( não pode ter ar na seringa, pois há risco de embolia) e depois aplicar no local previamente demarcado depois q a agulha estiver penetrada no glúteo aspire com a seringa para ver se não vem sangue (se vier sangue retire a agulha e penetre em um outro lugar que esteja na área do quadrante, aspire novamente se não vier sangue ai você injeta o medicamento).
-É sempre recomendável alternar a nádega em que se aplica. Deve ser aplicado com agulha 30 x 7 ou 30 x 8 na região glútea, profundamente.
Local recomendado para aplicação: quadrante superior lateral.


figura mostrando como se deve tirar o ar da seringa



PERGUNTAS FREQUENTES:

1)Posso reutilizar a agulha?
Esqueça essa idéia, por mais que seja apenas na sua bunda que essa agulha vai entrar, os danos que se pode sofrer por reutilizar seringas é maior que o dinheiro que se economiza.
Pra quem não sabe, a ponta das agulhas vai se danificando a cada vez que é introduzida na pele... A ponta vai "engrossando", ainda que a gente não veja isso a olho nu... E esse dano na agulha pode tornar-se pior cada vez que ela volta a ser utilizada pois a ponta torna-se frágil e pode até quebrar dentro da pele. Já pensou?
Além disso, por causa desse engrossamento, a agulha que se reutiliza não penetra na pele tão facilmente como uma nova, e isso pode causar dor, sangramento e hematomas.
Pra piorar, uma vez li em algum site que existe uma relação entre o reuso das agulhas e a o aparecimento de lipodistrofias no lugar de injeção. Pra quem não sabe o que é isso... Lipodistrofia é um "afundamento" da camada adiposa da região, no nosso caso, seria um afundamento da bunda na região da aplicação... Será que vale a pena?
Enfim, as agulhas são desenhadas para usar-se só uma vez.

2)Apliquei o perlutan, mas saiu um  pouquinho, isso significa que não fará efeito?
Não necessariamente. Depende da quantidade que sair. Por isso é sempre recomendável a aplicação em z ( leiam sobre), ela evita o refluxo do medicamento. Mas se for só um pouquinho, sua eficácia não será comprometida. Quando terminar de injetar a agulha, retire-a rapidamente, e comprima o local da injeção com um algodão. Não massageie o local da aplicação.
3)Teve um carocinho, um inchaço,  no local onde injetei, o que pode ser?
Este inchaço pode ter sido causador por :
1)irritação química local do medicamento:isso varia de pessoa pra pessoa , normalmente é pior nas primeiras aplicações (depois o corpo dá uma acostumada e as outras doem menos), varia também com a qualidade de aplicação (uma aplicação mal feita, em que você "treme" ao aplicar , ou entorta a agulha quando esta dentro, ou aplica muito rápido , tudo isso tende a dar mais irritação).É a complicação mais frequente.
2)infecção:se você não fez uma assepsia adequada(limpou a pele com álcool ou encostou a agulha em algum lugar ou na pele antes de aplicar , isso pode ter levado bactérias para dentro do músculo e causar uma infecção grave chamada abcesso. neste caso costuma ficar muito quente o local, muito vermelho , dar febre, dor de nao conseguir encostar, e fica latejando o local, neste caso procure um pronto socorro o quanto antes para avaliação medica, iniciar antibiótico e ver a necessidade de drenagem (tirar o pus) , não faça isso em casa, não fure que pode contaminar mais. É uma complicação rara mas que pode acontecer.
4) Fiquei com um pouco de dor nos dias posteriores a aplicação.
Isso geralmente acontece quando você aplicou com  o músculo muito contraído, ou se você ficou girando muito a agulha na hora de enfiar ela no local de aplicação. Lembre-se, não pode mexer muito.
* Se, por acaso, vc sentir muitos sintomas desagradáveis, logo após a aplicação, como tonturas, náuseas, isso significa que pode ter dado algo errado com a aplicação e ter entrado na corrente sanguínea. Lembrem-se: a pelrutan deve ser aplicada no músculo, o músculo vai digamos assim, abosorver o hormônio, e aos poucos sendo liberado. O perlutan é oleoso, não pode entrar em contato direto com o sangue. Enfim, se achar que está passando muito mal, procure ajuda.




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Misturas que não podem ser feitas.

Jamais misturar equilinas com sal de estradiol. Ou seja, não misture premarin com: perlutan, elamax, estrofem, etc... por tudo aquilo que falei da shbg,. São mecanismos de ação diferentes, não adianta misturar. Escolha um e atenha-se a ele.
Jamais misturar etinilestradiol com qualquer outro tipo de estradiol (seja estrofem, equilinas ou sal de estradiol, tal como elamax e perlutan). Um comprometerá a ação do outro. O etinilestradiol aumentará a SHBG, que é a proteína que carrega os hormônios, e os absorve como uma esponja atrapalhando sua ação. Logo ela absorverá esse hormônio que você toma a mais que o etinilestradiol, e esse terá seu efeito comprometido.
Além disso, há um mecanismo de competição pelos receptores: o estradiol ( ou seu sal) vai para o receptor, mas aí a equilina ou o etinil tira ele do receptor. Ou seja, de nada adianta.
Combinações que podem ser feitas: perlutan com: elamax, estrofem, climene. Esses que citei podem ser usados concomitantemente, embora seja melhor escolher um só.
Ainda há um outro problema em fazer essas misturas: os receptores podem ser comprometidos à longo prazo, de tal forma que, mesmo voltando a se hormonizar corretamente o efeito será menor, visto que sem receptor, ou com menos receptores, pode ter o tanto de hormônio que tiver no sangue, o efeito será reduzido

Discutindo a tabela de hormonização

Discutindo a “tabela” de hormonização do site Vilabol
Bom, muitas pessoas quando pesquisam sobre hormonioterapia no Google, deparam-se com o seguinte site: transexuais.vilabol.uol.com.br/hormonios.html.
 Lá há uma sugestão de hormônios a serem tomados a cada mês, sendo que no primeiro mês usa-se apenas antiandrógenos, no segundo aumenta-se a dose, e a partir do terceiro introduz-se o estradiol e a progesterona no regime, em doses subsequentemente maiores.
Bom, a primeira coisa que discordo do site é o uso de progesterona. Ela não é necessária para transgêneros, é usada na reposição hormonal de mulheres genéticas para evitar o risco de câncer de útero e mamas. Como em nós, tal risco e baixo, não há necessidade. Há quem diga que aumenta os seios, por desenvolver os ductos mamários, mas não é totalmente aceito. E se for usar, com certeza cycrin, provera e as outras sugeridas não são as melhores opções. SE for usar progesterona que seja a micronizada.
Se você usa androcur, aí que não é necessário usar progesterona, pois a própria ciproterona é um tipo de progestágeno.
Sobre aumentar as doses de estradiol gradativamente, isto é muito importante. Assim amenizam-se muitos dos efeitos colaterais, como enjôos, tonturas, etc.. Mas sobre adicionar dois tipos de estrogênio na dieta é desnecessário. Basta um só tipo, na dose adequada.
Complementos: vitamina B12, ácido fólico... Concordo. São muito importantes. Há estudos que dizem que o estradiol depleta um pouco dessas substâncias no organismo, sendo que sua falta pode causar alguns sintomas como fadiga, que são ainda intensificados pela própria hormonoterapia. Logo, usar complementos vitamínicos, como Centrum, que contém essas substâncias citadas, além de outras vitaminas, é muito bom.
A dose do sexto e sétimo mês é cavalar. Jogar dinheiro no lixo, no mínimo. Primeiro que se tomar 6 mg de valerato de estradiol ( lá sugere-se cicloprimogyna, que não é recomendado, pois gem levonorgestrel, antiestrogênico e masculinizante), mas mesmo que fosse elamax, ainda assim esses 6 mg diários dispensariam qualquer outro tipo de estradiol, como hormodose gel. É muito hormônio pra ser metabolizado.
Trata-se de uma questão de bom senso, não exagerar, pois o que é demais, acaba se tornando danoso.
Sobre o antiandrógeno, lá sugere-se a espironolactona, que é bem eficiente. Mas nem sempre precisa chegar a 200 mg, alguns casos é sim necessário, outros não. Em geral, a dose usada é o dobro da de ciproterona. Ex: se você usa 50 mg de ciproterona e quer trocar para espiro, usa 100 mg.  Mas lembrando: se for usar aldactone ( espironolactona) é necessário associar finasterida 5 mg ou um progestágeno ( a algestona da perlutan já serve). Também friso que a dose de aldactone tem que ser gradualmente aumentada, começar com 25 mg durante o primeiro mês, daí ficar um mês com 50, o mês seguinte com 100 mg... Jamais inicie com 100 mg. E quando passar a dosagens maiores, use de forma fracionada, dividindo-as, tomando metade de manhã e metade à tare, por exemplo ( p.ex, tomar 100 mg, vc toma 50 mg quando acordar e 50 mg depois do almoço). Como é diurético, há necessidade de tomar bastante água, evitar potássio e aumentar a ingestão de sal de cozinha. Se passar mal, sentir tonturas, coloque um pouco de sal embaixo da língua.
Sobre os efeitos no corpo, basicamente está tudo correto. A hormonoterapia promove redistribuição de gordura, diminuição dos pêlos, mas não tira a barba nem muda a voz e ossos.
Sobre premarin não ser eficiente, como discuti na outra postagem, não é verdade. É eficiente sim. Diane 35, é considerado eficiente por muitas que o usaram, logo isso é relativo.




Estradiol via oral

Ok, agora que já discutimos os dois principais tipos de antiandrógenos, vou falar sobre o principal hormônio feminizante - estradiol - na forma de comprimidos. Reservarei o tópico do estradiol em gel e o injetável para outras postagens.

Basicamente, aqui no Brasil, temos as seguintes opções:
-1) Valerato de Estradiol: Climene, Elamax (eles tem a mesma formulação, por isso os agrupei, eles são iguais, com a diferença de que o elamax é mais barato): cada drágea contém 2 mg de valerato de estradiol, e em 11 delas - cada cartela tem 21 comprimidos - há, além do valerato de estradiol, também uma dosagem pífica de 1 mg de acetato de ciproterona. Logo, por ser uma quantidade pequena, não faz muita diferença para nós, a ordem de tomar, pode ir seguindo os dias da cartela.
Doses variam muito, conforme a idade do paciente e outros fatores. Mas em geral 2 comprimidos por dia é a dosagem usual. Há  sites estrangeiros, como o a Anne Lawrence, que recomenda a ingestão de 8 mg de valerato de estradiol por dia, o que corresponderia a quatro drágeas. Mas pessoalmente, creio ser uma dosagem perigosa e desnecessária.
O valerato de estradiol, é um sal de estradiol. Isso significa o que? Que ele não é idêntico ao estrogenio produzido pela mulher, mas ao ser metabolizado pelo corpo, acaba se transformando no estradiol propriamente dito.

2) Equilinas: ( Estrogênios conjugados - Premarin e seus similares como Repogen): Eles são levemente mais potentes que o valerato de estradiol, e tem uma vantagem interessante: eles circulam no sangue sem ligar-se a SHBG, que é uma proteína que funciona como esponja, ela "chupa" o hormônio, impedindo que ele circule livre no plasma. Nesse caso, ele consegue driblar a SHBG e circular de forma livre, portanto mais potente ( hormônios ligados a proteínas tem menor efeito, daí de nada adianta vc ter um estradiol alto se todo ele estiver ligado a uma SHBG alta, daí a importância de dosá-la nos exames).
A dose de 1 comprimido de 0,625 mg, para as já operadas. Pre-operadas, devem usar pelo menos dois comprimidos, dando 1,25 mg, podendo ir até 2,5 mg. Sempre comece com uma dose baixa e vá aumentando progressivamente. Um comprimido de 0,625 no primeiro mês, por exempĺo. Não é recomendável já iniciar a dose total, visto que o organismo necessita de um período de adaptação.


3) Estradiol - Estrofem : Este é o medicamento que contém o mesmo estradiol produzido pelas mulheres. Ele é mais potente que o valerato de estradiol, cerca de 40% mais. Logo, se vc estiver usando elamax e quiser trocar por estrofem, terá de  usar uma dosagem um pouco menor, já que ele é teoricamente mais potente. O estrofem é um dos medicamentos mais usados por transexuais. Há quem diga que pode-se fazer o uso sublingual dele, por ser micronizado, mas eu não acredito nessa conduta. O ideal é tomar pelo menos dois comprimidos, via oral

4) Etinilestradiol: Este é o tipo de estradiol encontrado nas pílulas anticoncepcionais. Ele é eficaz? Sim. Mas também é muito perigoso, tendo um potencial trombogênico alto. Ele é levemente mais potente que uma dose equivalente de estradiol, ou valerato de estradiol, porém, é bem mais perigoso, ou seja, colocando numa balança, os riscos superam os benefícios.
Como ele não está disponível numa formulação em que venha só ( está sempre associado a progestágenos) não há como falar de todas as fórmulas que o contém. Algumas delas são o Diane 35, Ciprane, Ferrane, Tess. Essas que citei contém 2 mg de acetato de ciproterona junto ( são pílulas anticoncepcionais). Há aquelas que contém além do etinilestradiol, progestágenos masculinizantes, por isso NÂO são recomendados ( ex. ciclo 21 e similares).
Se for pra fazer uso de algum comprimido com etinilestradiol, prefira, obviamente os que tem acetato de ciproterona junto. Apesar de ser uma dose muito baixa de antiandrógeno, é infinitamente melhor que os progestágenos masculinizantes das outras formulações.
A dose máxima de etinilestradiol, tida como segura, no site da Anne Lawrence, é de 1 mcg ( o que corresponde a um pouco menos de 3 comprimidos). Logo, a dosagem máxima de qualquer formulação com  0,035 mg de etinilestradiol ( que é a dose mais comum  encontrada em cada drágea), é de dois comprimidos no máximo.
Diane 35 parece funcionar bem para pessoas que começam os hormônios ainda na puberdade, pois ele consegue, com o pouco de antinadrógeno e com a função de diminuir o FSH, diminuir bastante a produção de andrógenos. Ainda assim, é um paliativo pra quem não pode arcar com coisa melhor.

Antiandrógenos

 Um dos pilares da terapia hormonal para transexuais é o uso da substância citada no título: os antiandrógenos. Eles tem o papel de diminuir os hormônios masculinos produzidos pelos testículos, colocando o nível de testosterona dentro dos padrões de uma mulher, permitindo assim que o estradiol que vc tomar, aja melhor. Duas opções são as mais usadas: Aldactone ( que é o nome de marca, a substância e a Espironolactona), e o Androcur ( também é o nome da marca, o princípio ativo é o acetato de ciproterona).
O Aldactone foi feito originalmente para diminuir a pressão, sendo um diurético. Entretanto é amplamente usado por endocrinologistas por ter o efeito secundário de diminuir a testosterona.
Também é usado por dermatologistas, com este mesmo propósito, para tratar a acne induzida por androgênios em excesso, além do hirsutismo em mulheres.
Alguns ginecologistas
também utilizam o aldactone para mulheres com síndrome dos ovários policísticos.
-
Assim, embora sua ação principal seja sim diurética, o efeito secundário de diminuir a testosterona tem sido aproveitado pela comunidade médica em vários tipos de condições não ligadas a hipertensão, sendo visto como mais do que uma droga específica só pra essa finalidade diurética, portanto.
Ele age de várias formas:

-inibindo algumas enzimas relacionadas a síntese de androgênios.
-bloqueia a dht ligando-se a receptores de androgênios na pele
-compete e reduz a atividade da 5alfa redutase, que é responsável pela transformação da testosterona em diidrotestosterona.
-Eleva a SHBG.


Como já foi falado vc tem que tomar algumas precauções, por exemplo, evitá-lo se vc tem a pressão baixa.
Deve também diminuir a ingesta de potássio.

Já a ciproterona é um produto sintético que apresenta estrutura semelhante à dos hormônios sexuais naturais. Pode ser considerado como derivado da 17-alfa-hidroxiprogesterona. Na forma de acetato é potente antagonista de androgênios. Possui também atividade progestacional e suprime a secreção de gonadotrofinas. Atua como antagonista competitivo da diidrotestosterona pela sua ligação ao receptor androgênico. A ação terapêutica da Ciproterona resulta da inibição da produção de testosterona e da interferência na ação androgênica. Ciproterona é indicada no tratamento do hirsutismo intenso, alopécia androgênica grave, nas formas graves de acne e seborréia nas mulheres. Ciproterona ainda é usada no tratamento do câncer da próstata e para controlar a libido na hipersexualidade severa ou no desvio sexual em homens adultos.
Ambos os medicamentos reduzem a testosterona. Eles diferem entre si no quadro de efeitos colaterais, e na dosagem necessária para cada um.

Exames antes de se iniciar a hormonoterapia

São muito importantes, nem precisa dizer, não é mesmo? Vc estará ingerindo medicamentos que atuarão em diferentes sistemas do seu organismo e daí a importância de estar sendo continuamente avaliado, não só para ver como estão seus níveis hormonais, como para detectar alguma doença/condição subjacente que possa contra indicar ou alterar seu regime hormonal.


Aqui está o básico, para quem vai começar.


Hemograma completo
glicose
colesterol (HDL E LDL)
trigliceridios

iniciado o tratamento

TGP (Transaminase glutâmico pirúvica)- avaliação das enzimas do figado
fazer de 3 em 3 meses.
TGO (transaminase glutâmico oxalacética) - Catalização do figado.
fazer de 3 em 3 meses

T3 (avaliaçao da tireoide) a cada 6 meses
T4 (avaliação dos hormonios da tireoide.) a cada 6 meses

Acido urico (sistema renal) a cada 6 meses
creatinina (sistema renal) a cada 6 meses

exames hormonais.

estradiol ..a cada 6 meses.
testosterona livre...pelo menos 1 vez ao ano
FH....pelo menos 1 vez ao ano
LH..pelo menos 1 vez ao ano.
Exames em caso de risco ou predisposição a doenças cardiovascularees e tromboliticas:

INR ( taxa de coagulaçao sanguinea)
Tempo de protrombina

Noções gerais sobre hormonioterapia

Pessoal, este blog é feito com o objetivo de orientar sobre alguns princícpios da terapia hormonal para mulheres com disforia de gênero. Obviamente não tem caráter de consulta médica. Entretanto sabemos que a automedicação é uma realidade entre as meninas transgêneros, e este seria um espaço para esclarecimentos que possam diminuir os riscos da auto-medicação.
Muitas mulheres transexuais usam hormônios empiricamente, sem ter muita noção de seus mecanismos de ação, dos efeitos colaterais, simplesmente porque uma amiga ou conhecida os usa e diz que é bom. Mas é um conhecimento superficial. Saber sobre terapia hormonal, sobre a ação dos medicamentos que tomamos, noções sobre efeitos colaterais é importante, visto que temos que ter um conhecimento mínimo sobre nosso próprio tratamento e, portanto, da nossa saúde.
Também visa, para aquelas que conseguem o tratamento hormonal acompanhado por clínico, que possam dividir suas experiências. Mias uma vez frisamos que em nada tem a ver com indicação de medicamentos, visto que só um médico pode fazê-lo.